25.4.07

Comunidade do Matutu

Fotos:Lou Gold

Nos meados dos anos 80, os primeiros movimentos de busca à uma vida alternativa e auto-sustentável junto a natureza levaram Guilherme França e sua família ao Vale do Matutu, terras altas da Serra da Mantiqueira, Minas Gerais. Maravilhados pela beleza, preferiram adquirir as terras das encostas, das nascentes, das matas, e deixaram o vale fértil de lado, já bastante detonado pela pecuária leitera, e muito mais caro. Apesar da auto-suficiência de alimento, água, e nutridos pela incrível beleza do lugar, se sentiam isolados. Tudo mudou quando tiveram um encontro com duas pessoas que visitavam o vale e procuravam umas terras para fazer uma comunidade daimista. Eram eles, o Fábio do Gamarra e o Francisco Corrente. É incrível no que esse encontro se desdobrou. Daí tomaram o Santo Daime, peça fundamental e agregadora, e a família foi conhecer a obra do Sebastião Mota na Amazônia. Conta o Guilherme que perguntou ao Padrinho Sebastião o que ele deveria fazer, já que gostaria de trazer o Santo Daime para as terras sul mineiras, foi quando o Padrinho respondeu que ele deveria começar uma comunidade. E assim foi feito. Logo foi chegando gente, muitos atraídos pela beleza do lugar e pelo sacramento. A dificuldade de acesso, estradas péssimas e de fazer grana não impediram a esse povo valente a construir uma das mais belas e organizadas comunidades daimistas. "-Isso tudo se deu pelo Daime, que foi quem segurou todos aqui" como diz o Guilherme, mas eu diria que muito foi também pela força de trabalho e da liderança do Guilherme França inspirado pela obra do Padrinho Sebastião.



Guilherme França que cresceu na lida de fazenda, mas teve um contato com as pessoas da cidade, acreditou nas palavras do Padrinho, e juntou um belo povo (150 pessoas formam a comunidade). Na criação do Cefluris, onde se organizou a instituição do Santo Daime da corrente ligada ao Mapiá, a Comunidade do Matutu não se alinhou, tornando-se independente, apesar de prestarem ajuda ao Mapiá durante um período. Era a própria dificuldade de sobrevivência no Matutu, totalmente isolado geograficamente como o Mapiá, e um pouco a "mineirice matuta do montanhês" que fizeram isso acontecer. Algumas diferenças se nota na "forma", ou seja , na farda (nos rituais os homens não usam a gravata e as mulheres não usam a corôa e as fitas coloridas). Mas é na essência, no progresso causado pela comunhão com o Daime e a experiência de uma vida comunitária é que nos mostra grande valor desta turma que há mais de 20 anos está lá, já na segunda geração. A preservação das matas nativas, assim como os plantios de árvores (+ de 35 mil araucárias plantadas), o combate ao incêndio florestal protegido pela Brigada de incêndio, a apicultura e o potencial turístico, artístico e educacional são hoje as principais atividades da comunidade. Enfim, a comunidade realiza um importante trabalho de preservação do Parque Estadual da Serra do Papagaio e do vale do Matutu, criando novas perspectivas para os moradores do entorno da comunidade. São os filhos hoje, que compõe o batalhão, dando sempre uma perspectiva de continuação da comunidade.





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lou gold
matutu

23.4.07

A RESPIRAÇÃO DA TERRA

Pintura de Cândido Machado

Texto de Wesley Aragão de Moraes

Rudolf Steiner se utiliza desta expressão,”respirar da terra”, de uma forma algo poética. Na verdade, enquanto um hemisfério expande, o hemisfério oposto contrai, na alternância entre estações opostas. Assim, considerando apenas um dos hemisférios, há um jogo rítmico de expansão e contração que é como um tipo de sístole-diástole, ou inspiração-expiração.
Steiner esteve de acordo com as mitologias e crenças dos povos tribais e dos povos antigos ao dizer que a Terra é um ser vivente, dotada de sensibilidade, de alma e de processos característicos de um ser vivo. Aliás, também de acordo com as modernas idéias ecológicas de James Lovelock e de outros cientistas naturais, os quais também partem do princípio que o planeta como um todo age como se fosse vivo.
Assim sendo, a Terra, ou como os antigos gregos a chamariam, Gaya, respira e vive. E sua respiração é polarizada entre dois hemisférios. Sua alma planetária-no que Steiner incluiria o enorme corpo vital do planeta e o seu corpo anímico- seria aquilo que os platônicos e alquimistas conheciam por Anima Mundi, a Alma do Mundo.
A alma da Terra,Gaya, Deusa-Mãe de vários mitos antigos, sofre uma expansão nas estações quentes e sofre uma contração nas estações frias. A alma da Terra se expande no verão, e no equador, e se contrai no inverno, e nos pólos. Nas regiões temperadas, a Terra alterna ritmicamente expansão-verão e contração-inverno, passando pelas estações intermediárias, outono e primavera. Algo semelhante também ocorre na alternância entre dias e noites: De dia, expansão; de noite, contração. E também ocorrem expansões e contrações da Alma da Terra devidas ao ciclo da Lua.
Quando a Alma da Terra se expande, afirma Steiner, é como se ela adormecesse e entrasse numa espécie de “êxtase”, em comunhão com o Cosmos, em comunhão onírica com o Sol, com a lua, e com os planetas, seus irmãos.Também poderíamos falar numa espécie de”orgasmo de Gaya”, orgasmo de verão, uma vez que a palavra ‘orgasmo’ provém do grego orguéin, que significa “sair”,”exalar”...orgasmo da Terra começa na primavera, após a contração do inverno naquele hemisfério, e a primavera em seu tapete florido, é o cio da Terra, o sonho erótico de Gaya desejando o Cosmo para o conúbio que faz a Vida das espécies perpetuar.Os gregos diziam que Gaya deseja o Cosmos, Uranos, o Céu Estrelado, e que ela copula com ele, e desta cópula cósmica é que a Terra engravida e surgem novos seres vivos.
Quando, após o verão, a Terra novamente começa a se contrair, do outono até o inverno,num hemisfério, isto seria o acordar da Terra. Ela desperta aos poucos de seu sonho orgásmico de verão e agora sua Alma Telúrica volta a se “encaixar” novamente na parte física do planeta- o que significa um despertar, uma tomada de consciência.
Todo processo de êxtase, de prazer, de verão, é um expirar um excarnar, um entregar-se ao Cosmos, em comunhão com o Infinito. Todo processo de acordar,de despertar na forma material, é uma contração, um tipo de dor, um inspirar pra dentro.
Assim, os antigos sentiam que a Terra entra em êxtase no verão, iniciando seu ciclo de prazer na primavera, quando animais e plantas em entram no cio. E os antigos sentiam que a Terra acorda no inverno, iniciando seu despertar no outono. Assim, os antigos realizavam festejos, rituais, procissões, celebrações e construíam seus mitos em cima dos movimentos da Alma do Mundo, dos movimentos da Deusa Mãe, diante o Cosmo, o Deus Pai. As festas do solstício(verão e inverno) e de equinócio (primavera e outono) seriam, dessa forma, marcos da respiração da Alma da Terra. E estes marcos seriam importantes para as práticas agrícolas, para a pecuária para a semeadura para a previsão de caça e de chuvas, para a fertilidade das mulheres (imagens miniaturizadas da Deusa Mãe) e para todas as atividades culturais. Tais rituais sazonais são, portanto, pré-cristãos e existentes desde que o homem é homem. A religião cristã veio dar a eles um significado cristológico próprio, considerando, conforme a cristologia esotérica de Steiner afirma, que o Cristo é uma força divina, cósmica e que se insere na respiração da Terra, a partir do chamado “ Mistério do Gólgota”.A Terra estaria sendo cristificada aos poucos, através da permeação de seu ser planetário por uma força solar, divina, que lhe dá um caminho evolutivo em direção a uma meta cósmica pré-figurada: a chamada “força crística”. Essa força teria entrado no dinamismo da Terra após a descida de Cristo e estaria, assim, em pleno processo de transformação do planeta.Este é o motivo cristológico fundamental que centraliza toda a visão evolutiva cosmológica de Rudolf Steiner.


Rudolf Steiner nasceu em Kraljevec, 27 de Fevereiro de 1861 — morreu em Dornach, Suiça 30 de Março de 1925).
Após terminar os seus estudos dedicou-se a partir de 1883 a editar as obras científicas de Johann Wolfgang von Goethe. Tornou-se profundo conhecedor da obra de Goethe, escrevendo inúmeras obras sobre este, dedicando-se à explicação do pensamento do autor alemão. Ao mesmo tempo escrevia sobre assuntos filosóficos.
Após um período de vivência em Berlim, Alemanha, no qual sobreviveu como escritor de uma revista literária, Steiner ininterruptamente aderiu a uma trajetória de conferencista e escritor,desenvolvendo a a Ciência Espiritual Antroposófica, ou Antroposofia. Inicialmente a expôs ligado à Sociedade Teosófica e, desligado desta, no que fundou sob o nome de Sociedade Antroposófica.


Em Dornach construiu a sede da Sociedade Antroposófica, denominada Goetheanum. O Goetheanum foi a sede da Escola Superior Livre De Ciência Espiritual e foi destruído por um incêndio em 1922. Foi reconstruído e teve participação importante na obra de Steiner como um grande centro de contribuições para os campos do Conhecimento Humano. Steiner, entre outras obras neste, dedicou-se principalmente aos campos da organização social, Arquitetura, Pedagogia, Medicina, Farmacologia, Agricultura e do tratamento de crianças com a Síndrome de Down.
Oferecendo alternativas além das condições materiais de soluções de todos os problemas dos quais tratou, Steiner obteve reconhecimento mundial. Em todos os continentes surgiram centros de atividades antroposóficas como desdobramentos práticos da Ciência Espiritual por ele desenvolvida.

3.4.07

Native Brazilians by Albert Eckhout


Albert Eckhout established himself as a painter while on a Dutch expedition to Brazil from 1637 to 1644. On this trip, Eckhout and other artists accompanied Johan Maurits, the Dutch governor–general, and documented the country’s plants, animals, and people. Upon their return to Holland, Maurits commissioned him to produce a painting series that depicted the things they saw in South America.

Native North American by John White



Native North American by George Catlin





George Catlin (1796-1872) journeyed west five times in the 1830s to paint the Plains Indians and their way of life. Convinced that westward expansion spelled certain disaster for native peoples, he viewed his Indian Gallery as a way "to rescue from oblivion their primitive looks and customs."
Catlin was the first artist to record the Plains Indians in their own territories. He admired them as the embodiment of the Enlightenment ideal of "natural man," living in harmony with nature. But the more than 500 paintings in the Indian Gallery also reveal the fateful encounter of two different cultures in a frontier region undergoing dramatic transformation.
When Catlin first traveled west in 1830, the United States Congress had just passed the Indian Removal Act, requiring Indians in the Southeast to resettle west of the Mississippi River. This vast forced migration—as well as smallpox epidemics and continuing incursions from trappers, miners, explorers, and settlers—created pressures on Indian cultures to adapt or perish. Seeing the devastation of many tribes, Catlin came to regard the frontier as a region of corruption. He portrayed the nobility of these still-sovereign peoples, but he was aware that he painted in sovereignty's twilight.
By the late 1830s and 1840s, Catlin began displaying the Indian Gallery in eastern capitals and in Europe, an advocate for the Indian way of life. Yet the challenge of keeping his collection together and making ends meet led him to questionable strategies. He courted audiences by presenting real Indians enacting war dances. In effect, Catlin created the first Wild West show, with all its compromising sensationalism and exploitation.
Catlin lobbied the U.S. government for patronage throughout his career, hoping Congress would purchase the Indian Gallery as a legacy for future generations. Disappointed in this goal, Catlin went bankrupt in 1852. A Philadelphia industrialist paid Catlin's debts and acquired the Indian Gallery, and soon after Catlin's death, the paintings were donated to the Smithsonian. Today Catlin's Indian Gallery is recognized as a great cultural treasure, offering rare insight into native cultures and a crucial chapter in American history.
Extract from website.